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Aerosmith – eu fui!

31/05/2010

Por Tati Bortolozi

Eram quase dez horas da noite quando o estádio Palestra Itália ficou pontilhado por luzes azuis, que pertenciam as inúmeras câmeras dos fãs do Aerosmith, banda que se apresentou neste sábado (29) em São Paulo, (co)movendo uma legião de fãs.

“The best singer in the world”. Esta foi a definiçao do guitarrista Joe Perry, para o sempre extravagante Steve Tyler. Os dois músicos, que haviam ameaçado se separar do grupo no início do ano, pareciam bem entrosados. A paz estava selada.

O vocalista Steve Tyler saudou o público com um grito de “São Paulo”, seguido pelo hit “Eat the Rich”. Com um repertório um pouco diferente do tocado em Porto Alegre, foram incluídas músicas como “Back in the Saddle”, “King and Queens” e “Toys in the Attic”. A banda deixou de fora o hit “I Don’t Want To Miss A Thing”.

Para lá de quarentões, não faltou fôlego à banda, com Tyler soltando seus famosos agudos, dançando e fazendo acrobacias com o pedestal e o baterista Joey Kramer fazendo seu solo de bateria, com uma ajudinha ensaiada de Tyler, que arrancou gritos da plateia. O guitarrista Joey Perry fez pequenas, mas ótimas participações. Trocou de roupa, de guitarra, e até duelou com sua versao do Guitar Hero, provando que era muito melhor que sua versao virtual.

Talvez o único ponto a diminuir o brilhantismo da apresentação foi o vácuo na pista, parte central do estádio, enquanto as arquibancadas ficaram lotadas. Talvez muitos cambistas tenham segurado os ingressos, ou o público preferiu não arriscar comprar os tickets vendidos horas antes da apresentação no próprio estádio. O fato é que com preços entre R$ 150,00 e R$ 500,00, o show não era para qualquer um, mesmo para uma banda capaz de atrair fãs de todas as idades apaixonadas pelo bom rock`n roll.

A terceira passagem do Aerosmith por São Paulo encerrou a turnê “Cocked, Locked, Ready to Rock” na América do Sul, que, além do Brasil, também esteve na Venezuela, Colômbia, Peru e Chile.

Coonfira o set list da apresentação do Aerosmith em São Paulo:

Eat the Rich

Back in the Saddle

Love in an Elevator

Falling in Love (Is Hard on the Knees)

Pink

Dream On

Live on the Edge

Jaded

Kings and Queens

Crazy

Crying

Lord of the Thighs

Stop Messin’ Around

What it Takes

Sweet Emotion

Baby Please Don’t Go

Draw the Line

Bis

Walk This Way

Toys in the Attic

Vídeo: Thiago Matheuz

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Especial Virada Gastronômica

17/05/2010

Por Tati Bortolozi

Paralela à Virada Cultural, evento que reuniu espetáculos de dança, música e teatro no centro de São Paulo, o cinema HSBC Belas Artes ofereceu, como programação alternativa, a Virada Gastronômica.

Como o próprio nome sugere, a proposta foi aliar experiências cinematográficas e gastronômicas. No menu cinematográfico estavam Doce de Coco (2009) – filme nacional de  Penna Filho, ainda inédito no circuito-, Índia, o Amor e outras Delícias (Nina’s Heavenly Delights, 2006), Julie & Julia (2010), Tá Chovendo Hambúrguer (Cloudy with a Chance of Meatballs, 2009), O Sabor da Melância (The Wayward Cloud / Tian Bian Yi Duo Yun, 2004) e Amores Expressos (Chungking Express, 1994). Cada ingresso dava direito a uma programação com três, dentre todos os filmes anteriores.

No cardápio gastronômico: hambúrgueres, drinks de melancia, samosas, picolés de limão e docinhos de coco. Distribuídos, parcialmente, a cada intervalo dos filmes.

A Irmandade do Blog foi conferir o evento, escolheu a lista com O Amor e outras Delícias, O Sabor da Melancia e Doce de Coco, e listou algumas impressões o evento e os filmes.

Com as três salas de exibição lotadas no tradicional cinema entre a Paulista e a Consolação, a sessão começou pontualmente à meia noite. Nosso primeiro filme era Índia, o Amor e outras Delícias. Recém-lançado no circuito nacional, o filme retrata a vida de Nina, uma garota indo-escocesa que volta para casa após a morte de seu pai para reencontrar sua família e representar o restaurante do patriarca em uma competição gastronômica.

Acompanhada por uma amiga drag queen que nos diverte com suas performances de dança, ela resolve encarar os desafios de voltar a morar com a mãe. No decorrer da história, a moça se apaixona pela sócia do restaurante e fica dividida entre assumir ou não a relação lésbica.

De zero a dez, nossa nota é sete. Apesar de ter uma história estruturada, com boas interpretações, o filme se encaixa no formato “Sessão da Tarde”. A história é leve, sem muitas surpresas, mas inova ao entrelaçar gastronomia e lesbianismo em um filme indiano, contextualizado e filmado no Reino Unido. Seguindo a tradição indiana, músicas e danças típicas permeiam a comédia, de Pratibha Parmar.

O Sabor da Melancia, do taiuanês Tsai Ming-liang, retrata uma falta de água terrível que acontece em Taiwan. Por causa disto, os canais de televisão aconselham a população a economizar e beber suco de melancia. Com a dura sobrevivência, a solidão acomete os três personagens principais do filme, Shiang-Chyi, uma moça que reencontra Hsiao-Kang, um antigo vendedor de rua que havia lhe vendido um relógio, mas que agora trabalha como ator pornô e, por fim, a atriz parceira de Kang nos filmes.

Embora possua um contexto, é difícil dizer que se chega perto de construir uma história. Com atuações fracas, figurino pobre, o filme fica entre o pornô e o musical (das situações mais inesperadas surgem interpretações cantadas). O exótico tranformado em sexualidade vulgar e banal; em uma das cenas finais, a atriz pornô é praticamente estuprada no setting e nada se comenta ou desenrola da situação.

Mesmo para os maiores fãs do cinema alternativo taiuanês, é difícil encontrar algo bom no filme. Durante a sessão, a sala chegou a esvaziar-se em quase um terço, parte por cansaço, parte por decepção.

Pode até parecer chatice, mas nem o último filme foi capaz de nos convencer que virar a noite no cinema valeu a pena. Doce de coco, filme brasileiro com roteiro e direção do cineasta Penna Filho, narra a história de Madalena, uma sacoleira, e seu marido Santinho, um artesão sacro, que passam por dificuldades financeiras. Para sair da situação difícil, o casal apela para a loteria e até para um sonho em que Madalena vê uma arca com uma Virgem Maria de ouro enterrada no túmulo do antigo padre da cidade. O casal decide procurar (e desenterrar) o tesouro, mas daí advém problemas com a polícia corrupta.

Filmado em Santa Catarina, com um elenco de atores desconhecidos, as interpretações são medianas, assim como os diálogos. O que incomoda um pouco é o politicamente correto defasado do filme. O protagonista, Santinho, luta até hoje, sofre e prega contra a ditadura. Sem querer desmerecer a importância daqueles que lutaram em um dos períodos mais sofríveis e marcantes da história do país, mas se a ideia do filme, como se confirma no final, é alertar para a inércia política, temas atuais poderiam cair bem melhor. Se consolar com o passado não deixa de ser conformismo. Para o filme, nota seis, considerando que o cinema no sul do país deve ser incentivado e ainda é bastante desconhecido.

Quanto às degustações, embora preparada com muita dedicação, e sem patrocínios neste ano, o serviço foi insuficiente. Nem todos puderam provar os hamburgueres e as samosas, que terminaram num piscar de olhos. Mesmo sem ter tido muita sorte na escolha dos filmes, a Irmandade recomenda o evento, que é organizado com muito capricho e organização, e espera que ano que vêm nossas expectativas sejam supridas e superadas!

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Uma dica preciosa

09/05/2010

Por Tati Bortolozi

Negra, obesa, grávida aos dezesseis anos, abusada pelos pais, com AIDs e um filho com Síndrome de Down. Os temas, que parecem elencados para uma reportagem de domingo de algum jornal sensacionalista, aparecem com toda a força no filme Preciosa (Precious – 2009). Antes de desanimar e achar que os assuntos são pesados demais para uma tarde de domingo, ou mesmo para um mesmo filme, saiba que o diretor Lee Daniels soube dar à produção as pitadas lúdicas exatas em meio a este drama tão profundo. A história, emocionante e com atuações ‘anônimas’ brilhantes, fica na memória.

O filme não é o primeiro, nem será o último, a enquadrar temas polêmicos como a gravidez e o abuso sexual. O que surpreende, no entanto, é a capacidade que o roteiro teve em conectar a pluralidade de assuntos-tabu em um só filme, sem que o espectador perdesse o interesse ou o fio da meada.

No enredo, Claireece Precious Jones (a estreante Gabourey Sidibe) é uma adolescente que sofre diariamente com o analfabetismo e a falta de perspectivas em uma vida doméstica em que é violentada sexualmente pelo pai( Rodney Jackson) e abusada pela mãe (Mo’Nique). Vivendo em uma realidade tão fria, Preciosa se pega imaginando como seria sua vida se fosse uma cantora ou atriz de sucesso. O clichê, que aparece durante toda a produção, serve para arejar um pouco a atmosfera de tanto sofrimento. Preciosa precisa sonhar com dias melhores. Envolvidos, nós sonhamos junto com ela.

Grávida do segundo filho com seu pai -o primeiro nascera com Síndrome de Down – a adolescente é expulsa do colégio e encaminhada à uma escola alternativa. Lá, aprende a dimensão de ser reconhecida como pessoa ao mesmo tempo em que se reconhece através das primeiras letras que lê e escreve.

Com atuações belíssimas de Gabourey Sidibe e Mo’Nique, a cena mais comovente, para mim, fica com a dupla no encontro com a psicóloga interpretada por Mariah Carey que, sem maquiagem, chegou a deslocar para si alguns desmerecidos holofotes.

Retomando alguns posts sobre o papel das mulheres na arte, seja literária, cinematográfica ou jornalística, mais uma vez vale a pena pensar em como a educação e a coragem são capazes de mudar a realidade, dentro ou fora das telas.

E você, o que pensa sobre o assunto, ou mesmo sobre o filme? Comente!